Ela - Adeus.
Ficamos por meses sem pousar os olhos uma na outra. Foram esses meses que me fizeram saborear cada lembrança, cada história vivida ao seu lado, cada sentimento pouco valorizado, até porque, se o fizesse, não estaríamos nós distantes agora. Se me perguntassem como foi que voltamos a nos falar, não sei. Se foi ela com seu oi, ou eu com meu desejo vê-la, pouco importa. O que sei mesmo é da intensidade com que tudo foi retomado, mas em papéis trocados. Agora eu, que percebera tardiamente meu sentimento, sofria com a crescente distância que me impusera a sua presença, pois, assim como me disse, aqueles meses de corpo ausente transformaram toda certeza de seus sentimentos em algo questionável e assim não me olhava mais como a moça de sua vida, aquela a quem implorava para que não se afastasse. Percebendo isso, apostei de mim tudo o que tinha, mas como retomar o lugar que a gente mesmo fez questão de desocupar?
Ela sofreu uma perda muito grande. Não sabendo como reagir, burramente não me fiz tão presente pra lhe dar o apoio à sua dor que lhe foi imposta duramente. Sua mãe faleceu. Acho que ainda não escrevi sobre isso, eu pouco sei sobre como reagir a quem está sofrendo e acho também que poucos de nós conseguem fazer a coisa certa ao ver um amigo sofrer. Com tudo que já ouvi e vi, ainda me tomo por má por não fazer a única coisa possível no momento,estar ao lado dela. Não consigo e me acho de insignificante ajuda.
Ainda sem jeito, depois de um tempo nos vimos. Sensível, porém a mesma pessoa que sempre demonstrou ser, uma fortaleza. Estivemos juntas algumas vezes. Comemos juntas (há controvérsias klajdsk), dormi na sua casa e lá tivemos conversas bem francas. Ela teve uma segunda experiência homossexual. Sei que isso teve influência pra que agora fosse ela a pessoa a terminar e a me por na distância necessária pra que vivesse uma nova história talvez, contudo, isso só presumo e respeito quando ouvi dela "não posso te dar aquilo que você quer me dar". Digo que ouvi, mas foi por mensagem enquanto combinávamos alguma coisa, sendo eu como sempre a criatura que estrago tudo, expus toda a minha insegurança e expectativa que claramente seria frustrada.
"Acho melhor não nos vermos mais". Doeu, mas prefiro lembrar do que não foi dito. Nossa última noite foi tão incrível que mesmo lá eu já desconfiava do fim e só fiz permanecer ali, envolvida pelas energias que a natureza nos trouxera.
Ela brilhava e brilhava mais que todas as estrelas. Brilhava mais até que a própria lua que, por sua vez, também esteve presente num dos mais belos momentos que passamos juntas. Sua beleza nua se acentuara sob a luz que entrava pela janela. Inebriada e completamente sem fôlego eu estava ao tocar suas mais sensíveis localizações. Foi exatamente como fazer um mergulho em alto mar pela primeira vez, querendo explorar cada canto com bastante atenção. Esconder-se debaixo dos lençóis, diante do meu deleite ao contemplar-lhe, só reforçou o que seu corpo já dizia, você era minha e nem sua timidez foi o suficiente para me privar da delícia daquele momento.
Se hoje eu já não posso tentar repetir, fico por aqui, recorrendo às mais lindas memórias que deixaste pra mim.
Eu não posso e não vou esconder de ninguém sobre sua existência em minha vida. Teria sido bom se quiséssemos a mesma coisa ao mesmo tempo, mas nossas vidas tomaram rumos dos quais não poderíamos fugir, Contudo, a nossa única fuga foi dos nossos próprios sentimentos. Sobre nossa última noite... ainda sinto.
Muito obrigada!
(Essa publicação é a última da série ELA que possui apenas 3 capítulos de uma experiência amorosa que tenho muita sorte de ter vivido.)


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