Sem causa, sem justa; Sem justa causa.
Naquele dia eu acordei de muito bom humor, coisa rara de se ver, convenhamos. Lavei meu cabelo e cuidei para que cada mexa de cacho estivesse impecável. Peguei uma roupa um pouco mais chamativa que o habitual pra combinar com minha aura leve. Tinha acabado de pagar a quarta e última prestação de um investimento ( espero que dê retorno logo). Dado meu horário fui trabalhar vestida com meu melhor sorriso, acompanhado de um belo batom, claro! Não sabendo eu o que estava por vir, sentei no meu posto e comecei a trabalhar, pois bem, isso acabou logo.---
No caminho de volta pra casa, no meio do dia. - Que injusto! Eu pensei. Gostaria muito de ter voltado pra casa sabendo que seria minha última vez com meus colegas, para me despedir e não me sentir tão solitária quanto me senti ao esperar o ônibus pra casa.
Os sons ao meu redor se tornaram mais nítidos que nunca, as lojas que antes eu nem enxergava por sempre estar com pressa pra não me atrasar, agora foram aparecendo uma a uma. E eu que pensava que conhecia bem o caminho do trabalho heuheueheu.
Enquanto estava parada no ponto me perdi nos pensamentos ao observar tudo ao meu redor como se fosse a última vez naquele lugar. Quase perco o ônibus. Estava lotado, mas nem mesmo me importei com o sol das 14h batendo em minha cara. Agora, me perdi totalmente ao lembrar de tudo que vivi naquele lugar, as casas que passavam na janela me ajudaram a pensar melhor. Lembrei dos doramas que eu assistia na hora das pausas, sendo criticada toda vez que um colega meu passava - Ta aí de novo, né?! haha. Pensei no quanto cada pessoa me ensinou, no tanto que compartilhei com eles, nas dores de cabeça aliviadas por um bom resultado e notei que cresci, é, eu cresci e perceber isso as vezes é bom.
Foram 6 meses num lugar que eu pensava que não duraria nem um mês. Mas onde foi que eu errei? Eu não servia para aquele lugar? Bem, a verdade é que não se pode controlar tudo em nossa volta. Me lembro que cheguei chorando certo dia por ter me atrasado por causa do atraso do ônibus aqui do bairro, com muito medo disso acarretar demissão no futuro, e quando eu finalmente fui mandada embora, foi como se naquele dia eu tivesse chorado tudo antecipadamente. Isso não quer dizer que não chorei em casa. Chorei por poucos minutos, quieta, imóvel na cama. Por fim o dia nasceu outra vez, mas eu nem sabia bem o que deveria fazer para preencher o tempo, contudo fui me adaptando à ideia de não trilhar aquele caminho.
Foi bom ter vivido isso. A perda, a história, a experiência. A quem devo agradecer mesmo?


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